terça-feira, 27 de julho de 2010

Um show que inspirou...

Depois de um ano praticamente, consegui editar com o meu namorado Ricardo o DVD do show do Damballah. Porque a demora? Porque eu sei o básico de edição, meu computador é horrível, e só meu namorado podia editar, mas ele trabalha na cozinha e quase não sobrava tempo para isso, mas finalmente conseguimos! Ufa...


Estou falando sobre a edição do vídeo não por acaso, a intenção é falar sobre a mensagem que tentamos passar nesse show. Cada integrante do grupo foi uma peça importante para a criação desse show, através da história de vida de cada, pudemos extrair de bons textos e boas leituras a essência do show. Todas as participantes desde as alunas e até as convidadas especiais de alguma maneira tiveram suas vidas mudada pela dança.


Eu e minha mãe Bety, mas principalmente a minha mãe, montou um show com poucos recursos, a falta de grana é fato! Mas já como não tínhamos verba para fazer um espetáculo, tentamos então montar esse show que de alguma maneira foi focado diretamente para as alunas, que mudaram sua percepção de vida com as coisas que aprendiam em sala de aula, enquanto se olhavam no espelho treinando passos ou enquanto estudavam as coreografias em casa, ou melhor, quando sentiam a vibração e energia do público cada vez que subiam em um palco.


A dança pode mudar uma mulher, pode fazer com que ela se sinta mais poderosa, mais confiante e menos insegura. E com base em tudo isso, o show foi criado em cima de algumas frases estimulantes e inspiradoras que retiramos de bons livros.


Espero que essas mesmas frases façam tão bem quanto fez para todas as integrantes do grupo e convidadas especiais que participaram do show do Damballah em 2009!

Você não precisa ter visto o show, mas apenas leia essas frases, com certeza você se identificará com alguma. No show, cada texto ou frase teve uma dona...

"Acredita-se que alguns tambores são do tipo viajante pois transportam quem ouve para lugares diversos e variados.
A música como o tambor criam uma consciência diferente, um estado de transe, de oração.
Não sabemos o que será despertado pelo tambor em cada pessoa, pois eles atuam em frestas estranhas e raras no ser que participa...
Mas aconteça o que acontecer, terá uma irresistível força luminosa..."
ERA UMA VEZ... E NÃO ERA UMA VEZ... UM CORPO EXUBERANTE

Não se trata de peitos e bundas idolatradas pela nossa época, mas sim um corpo inteiro de mulher, que sangra sem morrer, que faz amor, dá a luz, que amamenta... Que DANÇA! Com a nossa dança, curamos o lamento dos corpos limitados de sua beleza e valor. Beleza não tem nada haver com moda. Padrão é para produtos industrializados... Somos mulheres integras e selvagens. Mantemos um vinculo insistente com nosso corpo. Nossa auto estima se baseia em nossa essência e não na aparência.

Qualquer grupo; sociedade, instituição ou organização que incentive as mulheres a desprezar o que é excêntrico, a suspeitar do que for novo e incomum e vital... A despersonalizar o que lhe for característico, estará à procura de uma cultura de mulheres MORTAS!A dança organiza nosso relacionamento com o nosso corpo.


Uma alma faminta pode ficar tão cheia de dor, que a pessoa não consegue suportar mais. As mulheres têm uma necessidade profunda de expressar seu estilo. Elas precisam se desenvolver e florescer de um modo que faça sentido para elas, sem serem molestadas pelos outros. O corpo físico é um animal luminoso...


TORNE-SE DESERTO

Ceder aos nossos desejos nos isola dos outros. Ceder aos desejos dos outros nos isola de nós mesmo; tenha equilíbrio! Aprenda a nutrir a intuição; permita-se
Seja forte; aprendendo e agüentando o que sabe
Nutra seu espírito; pois o fogo exige atenção, pois é fácil deixar com que ele se apague... Tenha uma vida revigorante; NÃO DESPERIDIÇADA...
Não olhe para o chão, e sim para frente com a confiança de quem tem a força!


A mãe loba ensina seus filhotes a caçar e a procurar alimentos. Ela mostra os dentes a maior parte do tempo; ela os morde ... exige que eles não desistam, ela os empurra se eles não se dispõe a fazer o que ela quer ...


As terras espirituais da mulher selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas e queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados a força em rituais artificiais para agradar aos outros. Libere seu espírito, dance! Sem a dança não é possível ouvir a sua alma, invente... Crie... Dance... Seja fluente no linguajar dos sonhos...


O isolamento não é algo divertido, mas provém dele um ganho inesperado. As dádivas são inúmeras... O isolamento elimina a fraqueza, erradica as lamentações, proporciona um insight penetrante. O isolamento aguça a intuição, assegura o poder de observação e de visão perspectiva... Ele fortalece... Conquiste a vida da sua vida com pitadas de isolamento.


Esse alimento difere de uma mulher para a outra.

Para algumas mulheres o ar da noite, o sol e as arvores são necessidades vitais.
Para outras somente palavras, o papel e os livros conseguem saciá-las. Para outras ainda, a cor, a forma e o barro são requisitos absolutos. Algumas mulheres precisam saltar, mover o corpo graciosamente, se inclinar, correr... Essas só querem dançar!


Quem não se dedica ao aprendizado, que não é atraído por novas idéias ou experiências não conseguirá passar do marco da ENTRADA; junto ao qual está descansando agora. Se existe uma força que alimenta a raiz da dor, ela é a recusa de aprender além do momento presente. Há mulheres comuns, que um dia resolveram ter um tempo para si, e realizar um sonho de menina ...


Não importa a idade atingida da mulher, não importa quantos “anos”... Ela tem outras idades, outros estágios e outras “primeiras vezes” a sua espera. E assim se resume a iniciação. Se você não prestar atenção aos SEUS tesouros; eles lhe serão roubados...


Damballah

Em algumas culturas, os nomes são escolhidos com cuidado, pois eles tem um significado mágico. Esse nome provê proteção ao seu dono, para que ele possa crescer e cumprir o potencial desse nome e que na proteção desse nome, ninguém possa prejudica-lo. O nome é um mantra!

DAMBALLAH no Haiti é o deus serpente da sabedoria, DAMBALLAH, encontre o divino em você...



Tentar ser boa, disciplinada e submissa... Faça isso 24 horas por dia, 07 dias por semana; resultado? PERDERÁ SUA ALMA! Não trivialize o que é anormal, não se afunde no tédio. Quem não sabe uivar, não encontrará sua matilha!


OBS: Todo o material dessa postagem foi usado exclusivamente no show do Grupo de Dança Tribal Damballah.

6 comentários:

Bety Damballah disse...

É mágico ver essas mulheres se descobrindo e se transformando ... a dança é algo sagrado .. não há dúvidas ... a dança une ... foi assim com a gente e será assim com muita gente por todos os tempos!
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Linda postagem!
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Lililililiiiiii ...
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2010 - 5 anos de Damballah!!

Celia Cris Silva disse...

"Era uma vez uma mulher que havia perdido contato com sua essência selvagem. Uma loba sem unhas, sem força, que sentia a vida acontecer longe dela. Numa noite estrelada, ouviu um som de tambor. Foi-se deixando guiar pelo batuque e sentiu que seu coração e o tambor batiam no mesmo ritmo. Viu, ao redor de uma fogueira, mulheres-lobas de múltiplas formas e cores. Seus olhos emitiam faíscas, suas bocas entoavam gritos e sons que ela acreditava já ter ouvido. Seus corpos ondulavam graciosamente, enquanto seus gestos demonstravam força e poder. Contorciam-se, serpenteavam e rodopiavam enquanto enlaçavam a si mesmas. A loba ferida estava hipnotizada. Sentiu que um calor aquecia suas patas, fazendo todo o seu corpo tremer. A cadência do tambor fazia seu coração bater como nunca havia batido antes. Um tremor tomou conta de seu corpo e ela se lançou na roda, girando e gritando em alegria e êxtase. Rodopiou abraçando o ventre, serpenteou e dançou acompanhando os passos daquelas mulheres-lobas que agora a cercavam e acolhiam enquanto entoavam o Zigareth (LILILILILILILILILI...).
Num estalo, ela soube que aquela era a sua matilha. A loba desgarrada havia, finalmente, encontrado o caminho de volta..."

Essa é minha história-trajetória com o Damballah. Quando assisti a apresentação do grupo pela primeira vez, senti um calor se apossar das minhas entranhas e tive um tremor incontrolável. Queria pular no palco e dançar com elas. Aquela era a minha tribo. A que eu buscara a vida toda, mesmo sem ter consciência disso. Persegui o grupo até ser aceita. Quando finalmente me tornei parte dele, reassumi a "forma humana". Nunca mais fui a mesma, para minha sorte, meu deleite, minha alegria.
Com o Damballah, resgatei minha essência selvagem, curei minhas feridas, recuperei minhas forças e criei coragem para realizar meus mais antigos e "loucos" sonhos.

Dançar é uma das experiências mais transformadoras que existem. Mas dançar com o Damballah foi, é e sempre será "A" experiência mais transformadora de toda a minha vida.
LILILILILILILILILI...

Bety Damballah disse...

Que lindo Célia!!! Vc me emocionou! Volta logo!!! Lililililiiiii ...

Mariáh Voltaire disse...

Nossa Célia...
Fiquei muito encantada com o que vc escreveu!

Me sinto da mesma forma em relação à dança, estamos conectadas a uma mesma energia...

"...ela soube que aquela era a sua matilha. A loba desgarrada havia, finalmente, encontrado o caminho de volta..."

Volte Célia, estamos te esperando, passando sua recuperação física, volte para terminar uma outra recuperação. As lobas não abandonam!

Celia Cris Silva disse...

É o que eu mais desejo, meninas! E o que me motiva a continuar de pé.
Depois que parei de dançar, parte de mim apagou, adormeceu. Está na hora de voltar, mesmo que os joelhos doam e trinquem...
LILILILILILILI... AUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

Aerith Tribal Fusion disse...

Adorei esse post Mariáh! Muito revitalizante. Com certeza um alimento para a nossa alma foram essas suas palavras.

Estou adorando o blog.

Beijos!!